JOHN KNOX CONTRA O CESSACIONISMO - Ron Smith


Wayne Grudem foi o organizador de um livro intitulado ‘’Are Miraculous Gifts For Today?’’ (Os dons miraculosos são para hoje?). Nele, demonstra que entre eruditos cristãos existem cinco visões sobre o assunto: (1) a visão cessacionista, (2) Aberta, mas cautelosa, (3) Terceira Onda, (4) a Pentecostal, e (5) a visão Carismática.
Grudem reuniu eruditos de cada corrente teológica e todos eles escreveram defendendo a sua posição sobre o assunto. Os pentecostais afirmando que o batismo com no Espírito Santo é subsequente à salvação e é acompanhado pelo falar em línguas. No entanto, nem todos os Carismáticos concordam que o batismo no Espírito Santo é subsequente à conversão e que o falar em línguas é um sinal deste batismo.
Os defensores da Terceira Onda, como Peter Wagner do Fuller Theological Seminary, ensinam que batismo no Espírito Santo acontece a todos os Cristãos na conversão e que experiências subsequentes são melhor chamadas de enchimentos.[2]
Os que se denominam abertos mas cautelosas ‘’estão abertos à possibilidade de dons miraculosos hoje, contudo estão muito mais preocupados com a possibilidade de abusos que elas viram em grupos que praticam estes dons […] Pensam que as igrejas devem enfatizar evangelismo, estudo bíblico e obediência fiel como chaves para o crescimento pessoal e da igreja, ao invés dos dons miraculosos. Ainda assim elas apreciam alguns dos benefícios que as Igrejas Pentecostais, Carismáticas e de Terceira Onda têm trazido ao mundo evangélico, especialmente um tom contemporaneamente refrescante na adoração e um desafio à renovação na fé e na oração.”[3]
Sinais e maravilhas têm sido uma das ferramentas de Deus, “e, juntamente com eles, por intermédio de sinais, Deus testemunhou feitos portentosos, diversos milagres e dons do Espírito Santo” (Hb 2:4 KJA). Dizer que sinais e maravilhas passaram quando o cânon foi completado é inserir no texto algo não encontrado nele.
O amor jamais morre; todavia, as profecias deixarão de existir, as línguas cessarão, o conhecimento desaparecerá. Porquanto em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, no entanto, chegar o que é perfeito, o que é imperfeito será extinto. (1ªCo 13:8-10 KJA)
Será que o conhecimento desapareceu quando a Bíblia foi completada? Nós conhecemos como agora somos conhecidos? Obviamente aquilo que é perfeito é a ressurreição. Então, e só então o conhecimento, as línguas e as profecias passarão porque a perfeição terá chegado. Dizer o contrário é negar os milagres de Columba e muitos outros homens santos da história.
Don Richardson, em seu livro, Eternity In Their Hearts[4], conta acerca de antiga profecia da tribo Karen de Burma. O oráculo disse qualquer coisa como isto: eles tinham abandonado Deus e perdido Seu livro; mas um dia um homem branco traria o livro de Deus de volta para eles e Deus os receberia de novo. Um dia um de seus “profetas” disse a dois homens para colocarem sela em um cavalo e segui-lo para onde quer que os levasse; ele disse que isso os levaria ao homem branco com o livro de Deus. Eles seguiram o cavalo por 320km quilômetros pela selva e montanhas até que o animal adentrou os portões de um complexo missionário. O cavalo aproximou-se do poço onde eles encontraram um missionário escavando abaixo. Eles perguntaram, “Tens o livro?” Em decorrência disto, 75.000 membros das tribos foram logo batizados por batistas. Dez tribos diferentes tinham a mesma tradição.
Bruce Olson conta uma história semelhante sobre os índios motilone.[5] Eles tinham uma tradição antiga de uma profecia que dizia que um homem branco viria e Deus sairia de uma folha de bananeira. Olson perguntou, ‘’Folha de bananeira?’’ Depois um dos índios cortou uma folha de bananeira e a desdobrou como as páginas de um livro. Olsen então tirou a sua Bíblia do bolso traseiro e começou a pregar o evangelho. Toda a tribo foi convertida. Deus não deixou a Si mesmo sem uma única testemunha.
Porque será que os presbiterianos escoceses antes do ano de 1700 acreditavam em milagres, entretanto, depois de 1800 alguns passaram a dizer que os dons cessaram? Seria efeito do Iluminismo humanista? São os modernos realmente mais espertos e mais iluminados do que os antigos?
Don Codling apresentou uma tese de Mestrado em Teologia no Westminster Theological Seminaryargumentando contra a cessação dos dons espirituais. Ele diz que “anterior a Hume era opinião geral que milagres e outros dons revelacionais eram evidência mostrando que um mensageiro era da parte de Deus”.[6] Isto demonstra que a razão real para negar os dons é que o humanismo de Hume tem inconscientemente infectado os cristãos modernos. E o que dizer das profecias de John Knox?
AS PROFECIAS CUMPRIDAS DE JOHN KNOX
John Knox era o grande Reformador e apóstolo da reforma na Escócia durante o século 16. Ele orou, “Deus dá-me a Escócia ou eu morro!” Deus respondeu àquela oração com a maior reforma de qualquer país. Contudo, Reformadores dos tempos modernos, influenciados pelo Iluminismo, não estariam confortáveis com um profeta tão carismático hoje. Eles diriam que estes dons passaram quando o Novo Testamento foi completado. É tempo de observarmos com uma mente aberta o que registaram as testemunhas daquele tempo (antes do Iluminismo). Que Deus nos dê outro homem que venha no espírito e poder de Elias antes do grande e terrível dia do Senhor. É preciso frisar que muitos carismáticos modernos também não estariam confortáveis com Knox.[7]
Em 1572, o rei da França, Carlos IX, mandou matar o piedoso Reformado Almirante francês. Isto foi seguido com o massacre geral dos Protestantes por toda a França. Setenta mil foram assassinados. Eis o que se diz:
Por vários dias nas ruas de Paris literalmente correram com sangue. O monarca selvagem, de pé nas janelas do palácio, com seus cortesãos, saturou seus olhos com o espetáculo desumano, e se divertiu em disparar sobre os miseráveis fugitivos que procuravam abrigo em seus portões impiedosos… Selvagens contratados, e canibais fanáticos marcharam de cidade a cidade, desfilaram pelas ruas, e entraram nas casas daqueles que foram marcados para destruição. Nenhuma reverência foi mostrada ao cabelo grisalho, nenhum respeito a posto ou talentos, nenhuma pena dos de tenra idade ou gênero. Matriarcas idosas, mulheres prestes a dar à luz, e crianças, foram pisadas debaixo dos pés dos assassinos, ou arrastadas com ganchos para dentro dos rios; outros, depois de serem atirados na prisão, eram instantaneamente trazidos para fora, e estripados a sangue frio.
A inteligência deste massacre (para o qual foi oferecido uma ação de  graças solene em Roma por ordem do Papa) produziu o mesmo horror  e consternação na Escócia como em todos os outros países Protestantes. Infligiu uma profunda ferida no espírito exausto de Knox. Além do golpe desferido em todo o corpo Reformado, ele teve que lamentar a perda de muitos indivíduos eminentes e piedosos, a quem ele enumerou entre seus conhecidos. Sendo transportado para o púlpito [em sua idade avançada] e evocando o restante de sua força, ele trovejou a vingança dos Céus contra aquele assassino cruel e falso traidor, o Rei  da França, e desejou que Le Croc, o embaixador Francês, dissesse ao seu mestre, que a sentença foi pronunciada contra ele na Escócia, que a vingança divina nunca se afastaria dele, nem da sua casa, se o  arrependimento não surgir; mas seu nome permaneceria em aversão para a posteridade, e ninguém procedendo de seu ventre desfrutaria daquele reino em paz. O embaixador se queixou da indignidade oferecida ao seu mestre, e pediu à Regente que silenciasse o pregador; mas isto foi  recusado, depois disto deixou a Escócia.[8]
Esta profecia se cumpriu menos de dois anos depois quando Carlos IX morreu com a idade de 24 anos não deixando herdeiro algum ao trono.
 A PROFECIA DE KNOX SOBRE THOMAS MAITLAND
Pouco depois que um piedoso amigo de Knox tinha sido assassinado, Knox entrou no púlpito encontrou uma anotação. Pensando que era provavelmente um pedido de oração ele leu-a silenciosamente. Era uma anotação caluniosa referente ao amigo assassinado. Sem saber quem a tinha escrito, Knox disse, em relação ao autor da anotação, “Aquele homem perverso, quem quer que seja, não sairá impune, e morrerá onde não haverá quem o lamente.”[9] Esse homem foi para casa e disse à sua irmã “que o pregador estava delirando, quando falou daquela forma de uma pessoa que lhe era desconhecida; mas ela entendendo que seu irmão era o autor, reprovou-o, dizendo com lágrimas, que nenhuma das denúncias daquele homem se provava ociosa.”[10] Aquele homem (Thomas Maitland) morreu depois na Itália, “não tendo ninguém para o atender.”[11]
O TESTEMUNHO DA RAINHA
John Knox era um eminente lutador com Deus em oração, e como um príncipe prevaleceu. A própria Rainha Regente lhe tinha dado este testemunho, quando numa ocasião particular disse que tinha mais medo de suas orações do que de um exército de dez mil homens. Ele era igualmente morno e patético na sua pregação, na qual tais expressões proféticas como caídas dele tinham um excepcional sucesso. Como prova disto, quando foi confinado no castelo de St Andrews, ele predisse a maneira da rendição, e livramento dos baleeiros Franceses; e quando os Lordes da Congregação foram duas vezes transtornados pelo exército francês, ele os assegurou de que o Senhor iria no fim de tudo fazer prosperar o trabalho da Reforma.[12]
Quando a Rainha Maria se recusou a assistir à pregação de Knox, ele enviou a palavra de que ela ainda seria obrigada a ouvir a Palavra de Deus gostando ou não. Isto se cumpriu quando ela foi denunciada na Inglaterra. Em outra ocasião, Knox disse ao marido da rainha, “Para o prazer dessa delicada dama, lançaste no fogo o livro de salmos? O Senhor atingirá ambos, a cabeça e cauda.”[13] Tanto o rei como a rainha sofreram mortes violentas.´
A PROFECIA DE KNOX SOBRE WILLIAM KIRCALDY DE GRANGE
“De igual forma ele disse, quando o Castelo de Edimburgo resistiu pela Rainha contra o Regente, que o Castelo devia vergonhosamente vomitar o capitão (ou seja, Sir William Kircaldy de Grange), que ele não deveria sair pelo portão mas por cima do muro, e que a torre chamada de Torre Davis, deveria desmoronar como um copo de areia [uma ampulheta]; o que se cumpriu alguns anos depois – Kircaldy sendo obrigado a sair por cima do muro em uma escada, com um bastão na mão, e a dita frente do Castelo tombou como uma colina arenosa.”[14]
A DEFESA DE KNOX SOBRE SUAS PREDIÇÕES
Thomas McCrie nos diz que John Knox tem sido acusado de “presumir se intrometer no secreto conselho de Deus.”
Tendo em um de seus tratados, denunciado os julgamentos aos quais os habitantes da Inglaterra se expuseram por renunciar o Evangelho […] lhes disse que se quisessem conhecer as bases de sua confiança, ele esperava que entendessem e cressem. Ele disse, “Minhas certeza não são as maravilhas de Merlin, nem ainda as negras sentenças de profecias profanas; mas a verdade clara da Palavra de Deus… Ele nega que tenha falado “como alguém que tenha entrado no conselho secreto de Deus.” E insiste que apenas declarou o julgamento que foi pronunciado na lei divina. Sendo assim suas ameaças ou predições (como ele as chama repetidamente) não necessitam de um pedido de desculpas.
Existem, contudo, vários de seus ditos que não podem ser vindicados sob estes princípios, e nos quais ele mesmo descansou em fundamentos diferentes. Não pode ser negado que seus contemporâneos consideraram tais ditos como procedentes de um espírito profético, e atestaram que eles receberam um exato cumprimento.[15]
Se a igreja deseja ter o sucesso que teve no passado devemos ter profetas como tínhamos no passado. Devemos ter também homens de oração como John Welch, o genro de John Knox. Ele considerava desperdiçado o dia em que não dedicasse pelo menos sete horas em oração. Certa vez ele se sentou à mesa em um castelo e pôs-se a partilhar a palavra de Deus. Enquanto falava, um jovem guarda católico permaneceu zombando silenciosamente. De repente Welch parou e disse, “Notem o que Deus vai fazer a este jovem.” De repente o guarda caiu morto fulminado debaixo da mesa. Em outra altura, quando Welch foi exilado, no navio em viagem para França faleceu um jovem amigo seu. Eles começaram a preparar seu corpo para o sepultamento, mas John Welch perguntou se podia estar sozinho com o corpo para orar. Após continuar em oração por alguns dias, seus amigos disseram: “Ele deve pensar que o homem ainda está vivo.” Então eles beliscaram seus braços e pernas com instrumentos e pinças. Não havia nenhum sinal de vida. Mas Welch pediu que ainda assim pudesse orar com ele. Eles fecharam a porta e Welch orou. De repente o jovem voltou à vida e viveu uma longa e próspera vida após isso.
Também necessitamos de cristãos dispostos a morrer por Cristo. Quando John Welch estava velho e prestes a morrer, sua esposa, a filha de John Knox, foi ao Rei de Inglaterra pedir permissão para trazer seu marido de volta à Escócia para morrer em casa. O rei disse que se ele confessasse que o rei era a cabeça da igreja, poderia regressar em paz. “Tal pai, tal filha”, ela estendeu seu avental e disse, “Prefiro ter a cabeça dele aqui!”[16]
CONCLUSÃO
Na eterna aliança vemos a natureza de Deus. Nosso Evangelho está escondido daqueles cujas mentes estão obscurecidas. Ainda é um segredo escondido deles. Mas Deus o revela a quem O teme. A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. (Sl 25:14 ARA)


Tradução: Ângelo Lima
NOTAS 
[1] GRUDEM. Wayne. Are Miraculous Gifts for Today? p. 13. Este livro foi publicado no Brasil com o título“Cessaram os dons espirituais? 4 pontos de vista”, Vida, 2003.
[2] Ibid. p. 12
[3] Ibid. p; 13.
[4] RICHARSON. Don; Eternity In Their Hearts. Ventura: Regal Books, 1981, p. 66.
[5] OLSEN. Bruce; Bruchko. Lake Mary: Creation House, 1978, p. 140.
[6] CODLING. Don; Sola Scriptura and the Revelatory Gifts. Rice, WA: Sentinel Press, 2005, p. 27.
[7] Certamente um homem como Knox em nossos dias seria um grande incômodo para os falsos no movimento carismático. NOTA DO EDITOR
[8] M’CRIE. Thomas; The Life of John Knox. Glasgow: Free Presbyterian, 1991, p. 193.
[9] Ibid., p. 180.
[10] Ibid., p. 180.
[11] Ibid., p. 180.
[12] HOWIE. John; The Scots Worthies. Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1995, p. 57.
[13] Ibid., p. 57.
[14] Ibid., p. 57.
[15] MC’CRIE. Thomas; The Life Of John Knox. Glasgow: Free Presbyterian, 1991, p. 211.
[16] HOWIE. John; The Scots Worthies. Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1995, p. 138.

Fonte: Teologia Carismática

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